Você já reparou quantos RPGs played by forum de Harry Potter existem na internet? E que pouca opção há para os que querem diversificar um pouco? E que muitos RPGistas não querem diversificar coisa nenhuma porque o exagero de RPGs de fórum no tema "escola de magia" não os põe em contato com outras opções, e assim se bitolam em um tema único de RPG e nem conseguem se interessar por outros, graças ao embotamento da mente naquela coisa só? Até porque se você tentar partir para outra temática, não vai encontrar parceria, já que está todo mundo lá jogando RPG de escola.
Agora, pare para pensar um pouco se é isso mesmo que você quer. O que é um RPG escola? Você entra lá para ler aulas e fazer lição de casa, quer dizer, perceba o nível de condicionamento, que você vai buscar em um RPG de "magia" a perpetuação da mesma vidinha diária num mundo ignorante do Primeiro Estado comteano onde as explicações para a fenomenologia das coisas são místicas, em que o mundo se move na base de varinha mágica e o trouxa, nesse contexto, é o indivíduo daquela casta de pessoas que se aprofundaram no entendimento científico do mundo e, por isso, podem realmente entender e explicar o funcionamento do universo, da natureza e da mente humana.
Temos, portanto, no "universo Rowling" uma clara demonização do pensamento racional e científico, em favor de um modo de ser primitivo e alienado das leis de causalidade, onde a compreensão dos fenômenos é fantasiosa, onde não é necessário raciocínio, estudo e esforço para descobrir como gerar luz, por exemplo (invenção da lâmpada), pois o sujeito diz lá uma "palavra mágica" e um feixe luminoso é parido da ponta de sua varinha. Nesse contexto, regido pela "Lei do Primeiro Estado" (na terminologia de Augusto Comte), o trouxa é um Thomas Alva Edson, e o cara legal, aquele que não é trouxa, é justamente o imbecil que para superar suas limitações não precisa entender como funcionam as coisas, porque ele tem uma varinha que o dispensa desse aprofundamento visando gerar tecnologia e fazer as leis naturais trabalharem a seu favor. É bem uma remissão àquela época em que o homem usava de explicações mágicas/religiosas para entender o mundo e, dessa maneira, não o entendia bosta nenhuma, porque ele não buscava extrair a verdade dos fatos e sim inventar teorias puramente fantasiosas.
Essa era a cultura celta, uma cultura intelectualmente tão pequena que, prelecionam os historiadores, os celtas chegavam a literalmente ter problemas de debilidade mental, o que se provou claramente quando os exércitos romanos marcharam contra as ilhas britânicas e os celtas revidaram o ataque na base do xingamento e da mandinga. Claro que foram massacrados. Os "trouxas" venceram facilmente aquele povinho que vivia num esquema mágico alienante. (v. Olivier Launay, "La civilisation des celtes")
Harry Potter é uma tentativa de reavivamento dessa cultura burra e de demonização da intelectualidade científica, da racionalidade e do progresso tecnológico.
E quando você se cansar desse contexto, inclusive percebendo que dentro desse mundo de "fantasia ilimitada" o que mais tem são limitações, pois você não pode buscar explicações de mundo na física quântica, na matemática, nos filósofos, já que isso é ser "trouxa", e portanto você fica limitado àquele imaginário celta que também não sai muito daquilo, e se você quiser ir um pouco além será tachado de "inverossimilhante", porque não existe mundinho mais quadrado que o de Harry Potter, onde só vale o conto-da-carochinha e não os vôos realmente livres de uma imaginação robusta que sabe transgredir mais justamente porque conhece as regras de funcionamento do universo; quando você se cansar disso, quando perceber que dessa cartola não sai coelho, você vai querer experimentar outros temas mas não vai encontrar, porque RPGs em outros temas são poucos, e quando os há são mal feitos. Então faça uma tentativa conosco.
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Tue Apr 28, 2009 7:55 pm